Escola Estadual Três
Poderes
INDEPENDÊNCIA DOS
ESTADOS UNIDOS
O
Início da colonização nos EUA
A Inglaterra nunca aceitou a divisão do Tratado de Tordesilhas
sobre a América. Evidente, pois também queria um pedaço do Novo Mundo. A
situação se tornou mais explícita com a Reforma Religiosa promovida pelo rei
Henrique VIII, da dinastia Tudor. Afinal, a divisão entre Portugal e Espanha
era patrocinada pela Igreja Católica. Não que uma tenha sido causa da outra,
mas reforçou a rejeição ao Tratado.
A monarquia britânica sempre foi muito frágil e limitada pela
nobreza local. Mesmo assim, Elizabeth I, filha de Henrique VIII entra em guerra
marítima contra a Espanha. Uma das estratégias desse confronto era a pirataria:
o ataque dos corsários (bandidos patrocinados pela Coroa britânica) contra
galeões espanhóis na costa da América Central e norte da América do Sul. O
conflito culminaria na derrota da “Invencível Armada”, a marinha do governo de
Castela em 1588.
Desse modo,a rainha Elizabeth I deu a sir Walter Raleight
concessão para começar a colonização inglesa da América, em uma região que a
rigor não recebeu o interesse dos espanhóis: o norte. Seguia-se o mesmo modelo
das capitânias hereditárias da América Portuguesa, ou seja: a coroa sem capital
para financiar a aventura da conquista, terceiriza as funções. A colonização
dos EUA foi uma iniciativa privada e não estatal.
A bem da verdade, as “colônias do norte”, ou as que tiveram
“colonização de povoamento”, eram desinteressantes para os europeus, pois
possuía o mesmo clima do continente destes, não tendo características que
possibilitassem a produção de “especiarias”.
Entre 1584 e 1587 sir Walter Raleight criou expedições para esta
nova terra, que chamou de Virgínia, em homenagem a sua rainha, que seria
virgem. Porém, a empreitada de Raleight dura pouco tempo: ataques de indígena e
a fome pela falta de noção desses colonos de lidar com a terra, acabam com essa
primeira iniciativa.
Os
ingleses continuaram insistindo na colonização, criando companhias comercias
como a de Londres e a de Plymouth, que também tiveram concessões no novo mundo.
Houve, entretanto, novo fracasso e ambas tiveram sua licença cassada em 1624 e
1635, respectivamente. Mesmo assim, entre 1607 e 1733 foram fundadas as treze
colônias que dariam origem aos EUA. Sempre marcado pela ação de particulares.
Os colonos ingleses na América eram, em geral, miseráveis que
fugiam de uma condição social adversa na Europa. Era uma espécie de refugo, o
Novo Mundo foi válvula de escape para alguns indesejados, pois a Inglaterra já
enfrentava um problema de superpopulação no século XVII. Junto com estes
rejeitados vinham, trazidos à força, órfãos, que serviam de servos para os
primeiros colonos e mulheres que se dispunham ser vendidas para os colonos. Não
é preciso muito esforço para supor que estas mulheres fossem de uma classe
social extremamente necessitada.
Portanto o início da colonização dos EUA foi marcado por homens
que foram colocados de lado na Inglaterra, mulheres que aceitavam ser vendidas
e órfãos raptados. Mas ainda existem os “pais peregrinos”, que seriam os
fundadores da nação americana. Pois bem, estes eram puritanos, os calvinistas
ingleses. A Inglaterra, durante o governo de Jaime I, já sob a dinastia Stuart,
impôs uma série de perseguições religiosas aos católicos e calvinistas.
Portanto, esses “pais peregrinos” vieram fugidos para a América. Chegaram no
território onde hoje é Massachusetts em 1620, a bordo do navio Mayflower e sob
o controle da Coroa Britânica. Mas estes que são apresentados como os
fundadores dos EUA, não representavam de fato toda a população que habitava a
colônia. Pelo contrário: era apenas uma parcela de tantos rejeitados na
Inglaterra.
O processo de independência dos Estados Unidos
O
processo de independência das treze colônias inglesas foi desencadeado no fim
da Guerra de Sete Anos (1756-1763), na qual a Inglaterra e a França disputavam regiões da América do Norte.
Embora vitoriosa, a Inglaterra saiu da guerra com sua economia abalada, devido
às despesas militares.
Para
recuperar a economia, o governo da Inglaterra tomou medidas que ampliaram a
dominação colonial sobre as 13 colônias americanas (que depois transformariam
nos Estados Unidos).
Essa
atitude provocou a reação da elite colonial americana, que não desejava perder
sua relativa autonomia. Acostumados com certa frouxidão da Coroa britânica em
relação a suas colônias, os comerciantes, proprietários de terras e membros da
classe média urbana americanos, principalmente das colônias do norte, não aceitaram
a intensificação da exploração colonial.
O
conflito de interesses entre colonos americanos existiu desde o início da
colonização, ainda que de forma branda. As raízes desse conflito encontram-se
nas características do processo de colonização americana.
Fugindo de
perseguições religiosas e de dificuldades econômicas, comunidades inteiras de
protestantes que emigraram para o Novo Mundo. Na região centro-norte
desenvolvia-se uma produção agrícola policultura, baseada na pequena e média
propriedade rural. A localização geográfica dessas colônias favorecia uma
produção agrícola semelhante à européia. Por isso, seus produtos não
interessavam ao comércio de exportação para a metrópole.
Já
nas colônias americanas do sul, desenvolveu-se uma produção agrícola voltada
para o mercado externo, baseada na grande propriedade rural (latifúndio) e na
utilização da mão-de-obra escrava africana.
Diante da necessidade de se recuperar dos
gastos da guerra em meados do século XVIII as autoridades inglesas aprovaram uma
série de leis que reforçaram a dominação colonial, o que desagradou
profundamente os colonos americanos. Entre essas leis destacam-se:
·
Lei do Açúcar (1764) – proibia a
importação de rum estrangeiro e cobrava taxas sobre a importação de açúcar
(melaço) que não viesse das Antilhas britânicas.
·
Lei do Selo (1765) – cobrava uma
taxa sobre os diferentes documentos comerciais, jornais livros, anúncios etc.
·
Lei dos Alojamentos (1765) – exigia que
os colonos fornecessem alojamento e alimentação às tropas inglesas que
estivessem em território americano.
·
Lei do Chá (1773) – concedia o
monopólio de venda de chá nas colônias à Companhia das Índias Orientais. Uma
das conseqüências da expansão ultramarina foi a criação de grandes companhias
para a comercialização dos produtos coloniais. Revoltadas com essa concessão,
no dia 16 de dezembro os colonos destruíram diversos carregamentos de chá que
estavam nos navios da companhia, atracadas no porto de Boston.
·
Leis Intoleráveis (1774) – para conter
o clima de revolta que se espalhava pelas colônias, o governo inglês adotou
duras medidas. Determinavam o fechamento do porto de Boston e autorizavam o
governo colonial a julgar e a punir severamente todos os colonos envolvidos em
distúrbios políticos contrários à autoridade inglesa.
Para protestar contra as Leis Intoleráveis,
realizou-se em 1774 o Primeiro Congresso de Filadélfia, com a participação dos
principais representantes das 13 colônias. Nesse congresso elaborou-se um
documento de protesto que foi enviado ao governo inglês.O governo, porém, não
estava disposto a fazer concessões. O choque de interesses entre os colonos e a
metrópole inglesa tornou-se inevitável. A independência americana foi
influenciada pelas idéias iluministas de liberdade, justiça e combate à
opressão política.
A
guerra pela independência americana teve início com a Batalha de Lexington, em
1775. Tropas inglesas tentaram destruir um depósito de armas controlado pelos
americanos e enfrentaram grande resistência.Em maio de 1775, os
norte-americanos que desejavam a independência realizaram um Congresso
Continental da Filadélfia, que conclamaram os cidadãos às armas e nomeou George
Washington comandante das tropas americanas. No dia 4 de julho de 1776,
tornou-se pública a declaração oficial da independência dos Estados Unidos, cujo
principal redator foi o político Thomas Jefferson (1743-1826).
Nas
primeiras batalhas (1775-1778) as tropas americanas lutaram sozinhas contra as
forças inglesas. Mais tarde (1778-1781), elas contaram com a ajuda financeira e
militar da França, da Espanha e das Províncias Unidas (Holanda). A participação
das tropas francesas, principalmente, foi decisiva para garantir a vitória das
tropas coloniais. No dia 19 de abril de 1781, o último exército inglês foi
derrotado em Yorktown. Era o fim da guerra. Mas somente em 1783 o governo
inglês reconheceu oficialmente a independência das colônias americanas.
Em
1787 foi proclamada a Constituição dos Estados Unidos, que regula as
instituições daquele país até hoje. Os pontos fundamentais definidos na
Constituição americana foram:
·
Tipo de Estado – os Estados Unidos
Tornaram-se uma república federativa presidencialista.
·
Cidadania – o exercício dos
direitos políticos e civis eram assegurados pela Constituição através de normas
que garantiam a liberdade de expressão, de imprensa, de crença religiosa e de
reunião, etc.
·
Tripartição dos
poderes
– os poderes do Estado foram separados em: Executivo (administração),
Legislativo (elaboração das leis) e Judiciário (aplicação da justiça).
DESENVOLVIMENTO DOS
ESTADOS UNIDOS XIX
Após
a promulgação da Constituição americana (1787), os Estados Unidos tiveram como
primeiro presidente George Washington (1789-1797), que lançou um programa
econômico para desenvolver a indústria, o comércio e as finanças.
Na
primeira década do século XIX, o governo norte-americano dirigiu suas energias
para a Conquista do Oeste, estimulando a expansão territorial em direção ao
Pacifico. Entre os motivos da expansão, estavam o crescimento da população e a
necessidade de novas áreas onde pudesse plantar e explorar minerais, bem como
acomodar os novos moradores.
Os
colonos que se estabeleceram naquelas regiões recebiam terras do governo a
preços mínimos. Nessa época, os governantes dos Estados Unidos se empenharam em
divulgar a idéia do “destino manifesto”, ou seja, os norte-americanos tinham
sido escolhidos por Deus para ocupar a área entre os oceanos Atlântico e
Pacifico ___ o que era muito conveniente para aquela situação.
No
decorrer da expansão houve conflitos sangrentos entre os conquistadores brancos
e os indígenas que habitavam a região. Na medida de suas possibilidades, os
índios lutaram pela defesa de seu território, sua cultura e sua liberdade. Mas
foram derrotados, sobretudo devido à superioridade das armas dos brancos e às
epidemias que eles trouxeram. A maior parte dos povos indígenas foi
exterminada.
Além da ocupação de terras indígenas, a
expansão territorial dos Estados Unidos realizou-se através de compras de
territórios na América pertencentes a países europeus (França, Espanha) e,
sobretudo, da guerra contra o México. Da guerra resultou a anexação do Texas,
da Califórnia, de Nevada, do Arizona, de Utah e do Novo México, num total de
milhões de metros quadrados, metade do território mexicano na época.
A expansão territorial foi acompanhada do
surgimento de uma rica burguesia industrial e da formação de uma classe
operária forte e bem organizada no Nordeste dos Estados Unidos. Já no Sul e no
Sudeste, a elite rural ampliou seu poder e expandiu a escravidão.
|
Norte
|
Sul
|
Grupo dirigente
|
Industriais
|
Latifundiários
|
Principal setor
produtivo
|
Indústrias.
|
Agricultura
exportadora (destaque para o algodão).
|
Sistema de trabalho
|
Trabalho
assalariado. Eram favoráveis à abolição da escravidão
|
Trabalho escravo.
Defendiam a permanência da escravidão.
|
Política econômica
|
Os industriais
defendiam tarifas protecionistas para limitar as importações de
manufaturados. Queriam se proteger da concorrência européia e garantir a
venda de seus artigos no mercado interno.
|
[Os latifundiários
eram contra as tarifas protecionistas].Queriam vender seus produtos agrícolas
no exterior e importar todos os manufaturados de que necessitassem.
|
Por
volta de 1860, os grandes industriais norte-americanos estavam cocientes do
grande potencial econômico dos Estados Unidos e dispostos a explorar e expandir
esse potencial.
Para isso, eles
sabiam que precisavam superar a falta de sintonia política e integração
econômica com os estados do Sul.
As
diferenças de interesses entre os grupos dominantes do Norte e do Sul
provocaram a explosão de um violento conflito: a Guerra de Secessão
(1861-1865).
Em fevereiro de 1861,
sete estados do Sul decidiram separar-se da União. Fundaram então os Estados
Confederados da América, presididos por Jefferson Davis. Os Estados Unidos se
desuniam. Mas o presidente dos Estados
Unidos, Abraham Lincoln, representando a Federação, queria manter a União. A
guerra tornou-se inevitável.
No princípio da
guerra, os exércitos do estados do Sul obtiveram vitórias. Mas, ao longo do
conflito, as forças do Norte foram impondo sua superioridade militar.
|
Norte
|
Sul
|
Habitantes
|
20 milhões
aproximadamente.
|
10 milhões,
aproximadamente (3,5 milhões eram escravos).
|
Armamentos
|
Poderoso parque
industrial capaz de produzir milhões de armas.
|
Raras fábricas de
armamentos pesados.
|
Em 1863, o presidente
Lincoln proclamou a abolição da escravidão, estimulando os ex-escravos a
lutarem contra os exércitos do Sul. Nesse ano ocorreu também a decisiva Batalha
de Gettysburg, com a derrota das tropas confederadas.
A guerra só terminou
em 1865, com a rendição completa do exército sulista. No mesmo ano, Lincoln foi
assassinado num teatro de Washington pelo sulista John Booth. A guerra civil
deixou um saldo de 600 mil mortos e prejuízos de aproximadamente 8 bilhões de
dólares.Os ressentimentos entre habitantes do Norte e os do Sul permaneceram
por longo tempo. Os sulistas continuaram resistindo à abolição da escravidão.
Os mais radicais fundaram associações, como a Ku Klu Klan, que matou e torturou
inúmeros negros e continua agindo até os nossos dias.
Terminada a guerra de
Secessão, então os dirigentes dos Estados Unidos empenharam-se na luta pela
reconstrução do país.A concorrência internacional no mercado do algodão
diminuiu a importância dos estados do Sul, cuja base econômica era exportação
algodoeira.Já nos estados do Norte, acelerou-se o ritmo de desenvolvimento
industrial. Leis protecionistas foram aprovadas em beneficio da indústria.
Os Estados Unidos
tornaram-se uma das maiores potências industriais do mundo, e seu governo
iniciou uma série de intervençõe sem outros países. Era o imperialismo
americano dominando países da América Latina, ao mesmo tempo em que procura
isolar-se das questões européias.
O imperialismo
exercido pelos norte-americanos concentrou-se na América Latina, tendo como
base, provavelmente, a doutrina lançada em 1823 pelo presidente James Monroe. A
Doutrina Monroe (“a América para os americanos”) era uma advertência aos
governos europeus para que não interferissem nos assuntos do continente
americano. Já se podia perceber, no governo e nos grupos da elite dos Estados
Unidos, o desejo de estender seu domínio à América Latina.
Em 1898, o governo
dos Estados Unidos declarou guerra contra a Espanha, sob o pretexto de libertar
Cuba e Porto Rico do domínio colonial. Os espanhóis foram derrotados, e esses
países foram declarados independentes.
A independência,
porém pode ser considerada relativa. Pouco tempo depois, Porto Rico foi
transformado em protetorado dos Estados Unidos. Os cubanos, por sua vez forma
obrigados a incluir em sua Constituição (a Emenda Platt), pela aceitavam a intervenção
militar americana em seu país sempre que o governo dos Estados Unidos Julgasse
necessário.
A política externa intervencionista
norte-americana tornou-se mais explicita no governo de Theodore Roosevelt
(1901-1909). Ele lançou a doutrina que seus opositores apelidaram de Big Stick
(‘grande porrete “) Essa doutrina estabelecia o direito de o governo americano
intervir militarmente nos países da América Latina sempre que os interesses
americanos estivessem em jogo
Karnal,
Leandro; Fernandes, Luiz Estevam; Morais, Marcus Vinicius de; Purdy, Sean.
História dos Estados Unidos: das Origens ao Século XXI. São Paulo, Editora Contexto, 2007
Contrim
Gilberto. Historia Global
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