sexta-feira, 23 de novembro de 2012

INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS



Escola Estadual Três Poderes
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

O Início da colonização nos EUA

A Inglaterra nunca aceitou a divisão do Tratado de Tordesilhas sobre a América. Evidente, pois também queria um pedaço do Novo Mundo. A situação se tornou mais explícita com a Reforma Religiosa promovida pelo rei Henrique VIII, da dinastia Tudor. Afinal, a divisão entre Portugal e Espanha era patrocinada pela Igreja Católica. Não que uma tenha sido causa da outra, mas reforçou a rejeição ao Tratado.
A monarquia britânica sempre foi muito frágil e limitada pela nobreza local. Mesmo assim, Elizabeth I, filha de Henrique VIII entra em guerra marítima contra a Espanha. Uma das estratégias desse confronto era a pirataria: o ataque dos corsários (bandidos patrocinados pela Coroa britânica) contra galeões espanhóis na costa da América Central e norte da América do Sul. O conflito culminaria na derrota da “Invencível Armada”, a marinha do governo de Castela em 1588.
Desse modo,a rainha Elizabeth I deu a sir Walter Raleight concessão para começar a colonização inglesa da América, em uma região que a rigor não recebeu o interesse dos espanhóis: o norte. Seguia-se o mesmo modelo das capitânias hereditárias da América Portuguesa, ou seja: a coroa sem capital para financiar a aventura da conquista, terceiriza as funções. A colonização dos EUA foi uma iniciativa privada e não estatal.
A bem da verdade, as “colônias do norte”, ou as que tiveram “colonização de povoamento”, eram desinteressantes para os europeus, pois possuía o mesmo clima do continente destes, não tendo características que possibilitassem a produção de “especiarias”.
Entre 1584 e 1587 sir Walter Raleight criou expedições para esta nova terra, que chamou de Virgínia, em homenagem a sua rainha, que seria virgem. Porém, a empreitada de Raleight dura pouco tempo: ataques de indígena e a fome pela falta de noção desses colonos de lidar com a terra, acabam com essa primeira iniciativa.
Os ingleses continuaram insistindo na colonização, criando companhias comercias como a de Londres e a de Plymouth, que também tiveram concessões no novo mundo. Houve, entretanto, novo fracasso e ambas tiveram sua licença cassada em 1624 e 1635, respectivamente. Mesmo assim, entre 1607 e 1733 foram fundadas as treze colônias que dariam origem aos EUA. Sempre marcado pela ação de particulares.
Os colonos ingleses na América eram, em geral, miseráveis que fugiam de uma condição social adversa na Europa. Era uma espécie de refugo, o Novo Mundo foi válvula de escape para alguns indesejados, pois a Inglaterra já enfrentava um problema de superpopulação no século XVII. Junto com estes rejeitados vinham, trazidos à força, órfãos, que serviam de servos para os primeiros colonos e mulheres que se dispunham ser vendidas para os colonos. Não é preciso muito esforço para supor que estas mulheres fossem de uma classe social extremamente necessitada.
Portanto o início da colonização dos EUA foi marcado por homens que foram colocados de lado na Inglaterra, mulheres que aceitavam ser vendidas e órfãos raptados. Mas ainda existem os “pais peregrinos”, que seriam os fundadores da nação americana. Pois bem, estes eram puritanos, os calvinistas ingleses. A Inglaterra, durante o governo de Jaime I, já sob a dinastia Stuart, impôs uma série de perseguições religiosas aos católicos e calvinistas. Portanto, esses “pais peregrinos” vieram fugidos para a América. Chegaram no território onde hoje é Massachusetts em 1620, a bordo do navio Mayflower e sob o controle da Coroa Britânica. Mas estes que são apresentados como os fundadores dos EUA, não representavam de fato toda a população que habitava a colônia. Pelo contrário: era apenas uma parcela de tantos rejeitados na Inglaterra.

O processo de independência dos Estados Unidos

                   O processo de independência das treze colônias inglesas foi desencadeado no fim da Guerra de Sete Anos (1756-1763), na qual a Inglaterra e a  França disputavam regiões da América do Norte. Embora vitoriosa, a Inglaterra saiu da guerra com sua economia abalada, devido às despesas militares.
                   Para recuperar a economia, o governo da Inglaterra tomou medidas que ampliaram a dominação colonial sobre as 13 colônias americanas (que depois transformariam nos Estados Unidos).
                   Essa atitude provocou a reação da elite colonial americana, que não desejava perder sua relativa autonomia. Acostumados com certa frouxidão da Coroa britânica em relação a suas colônias, os comerciantes, proprietários de terras e membros da classe média urbana americanos, principalmente das colônias do norte, não aceitaram a intensificação da exploração colonial.
       O conflito de interesses entre colonos americanos existiu desde o início da colonização, ainda que de forma branda. As raízes desse conflito encontram-se nas características do processo de colonização americana.
Fugindo de perseguições religiosas e de dificuldades econômicas, comunidades inteiras de protestantes que emigraram para o Novo Mundo. Na região centro-norte desenvolvia-se uma produção agrícola policultura, baseada na pequena e média propriedade rural. A localização geográfica dessas colônias favorecia uma produção agrícola semelhante à européia. Por isso, seus produtos não interessavam ao comércio de exportação para a metrópole.
                   Já nas colônias americanas do sul, desenvolveu-se uma produção agrícola voltada para o mercado externo, baseada na grande propriedade rural (latifúndio) e na utilização da mão-de-obra escrava africana.
                    Diante da necessidade de se recuperar dos gastos da guerra em meados do século XVIII as autoridades inglesas aprovaram uma série de leis que reforçaram a dominação colonial, o que desagradou profundamente os colonos americanos. Entre essas leis destacam-se:

·         Lei do Açúcar (1764) – proibia a importação de rum estrangeiro e cobrava taxas sobre a importação de açúcar (melaço) que não viesse das Antilhas britânicas.
·         Lei do Selo (1765) – cobrava uma taxa sobre os diferentes documentos comerciais, jornais livros, anúncios etc.
·         Lei dos Alojamentos (1765) – exigia que os colonos fornecessem alojamento e alimentação às tropas inglesas que estivessem em território americano.
·         Lei do Chá (1773) – concedia o monopólio de venda de chá nas colônias à Companhia das Índias Orientais. Uma das conseqüências da expansão ultramarina foi a criação de grandes companhias para a comercialização dos produtos coloniais. Revoltadas com essa concessão, no dia 16 de dezembro os colonos destruíram diversos carregamentos de chá que estavam nos navios da companhia, atracadas no porto de Boston.
·         Leis Intoleráveis (1774) – para conter o clima de revolta que se espalhava pelas colônias, o governo inglês adotou duras medidas. Determinavam o fechamento do porto de Boston e autorizavam o governo colonial a julgar e a punir severamente todos os colonos envolvidos em distúrbios políticos contrários à autoridade inglesa.

                  Para protestar contra as Leis Intoleráveis, realizou-se em 1774 o Primeiro Congresso de Filadélfia, com a participação dos principais representantes das 13 colônias. Nesse congresso elaborou-se um documento de protesto que foi enviado ao governo inglês.O governo, porém, não estava disposto a fazer concessões. O choque de interesses entre os colonos e a metrópole inglesa tornou-se inevitável. A independência americana foi influenciada pelas idéias iluministas de liberdade, justiça e combate à opressão política.
                   A guerra pela independência americana teve início com a Batalha de Lexington, em 1775. Tropas inglesas tentaram destruir um depósito de armas controlado pelos americanos e enfrentaram grande resistência.Em maio de 1775, os norte-americanos que desejavam a independência realizaram um Congresso Continental da Filadélfia, que conclamaram os cidadãos às armas e nomeou George Washington comandante das tropas americanas. No dia 4 de julho de 1776, tornou-se pública a declaração oficial da independência dos Estados Unidos, cujo principal redator foi o político Thomas Jefferson (1743-1826).
                   Nas primeiras batalhas (1775-1778) as tropas americanas lutaram sozinhas contra as forças inglesas. Mais tarde (1778-1781), elas contaram com a ajuda financeira e militar da França, da Espanha e das Províncias Unidas (Holanda). A participação das tropas francesas, principalmente, foi decisiva para garantir a vitória das tropas coloniais. No dia 19 de abril de 1781, o último exército inglês foi derrotado em Yorktown. Era o fim da guerra. Mas somente em 1783 o governo inglês reconheceu oficialmente a independência das colônias americanas.
                   Em 1787 foi proclamada a Constituição dos Estados Unidos, que regula as instituições daquele país até hoje. Os pontos fundamentais definidos na Constituição americana foram:

·            Tipo de Estado – os Estados Unidos Tornaram-se uma república federativa presidencialista.
·            Cidadania – o exercício dos direitos políticos e civis eram assegurados pela Constituição através de normas que garantiam a liberdade de expressão, de imprensa, de crença religiosa e de reunião, etc.
·            Tripartição dos poderes – os poderes do Estado foram separados em: Executivo (administração), Legislativo (elaboração das leis) e Judiciário (aplicação da justiça).

DESENVOLVIMENTO DOS ESTADOS UNIDOS XIX

                   Após a promulgação da Constituição americana (1787), os Estados Unidos tiveram como primeiro presidente George Washington (1789-1797), que lançou um programa econômico para desenvolver a indústria, o comércio e as finanças.
                   Na primeira década do século XIX, o governo norte-americano dirigiu suas energias para a Conquista do Oeste, estimulando a expansão territorial em direção ao Pacifico. Entre os motivos da expansão, estavam o crescimento da população e a necessidade de novas áreas onde pudesse plantar e explorar minerais, bem como acomodar os novos moradores.
                   Os colonos que se estabeleceram naquelas regiões recebiam terras do governo a preços mínimos. Nessa época, os governantes dos Estados Unidos se empenharam em divulgar a idéia do “destino manifesto”, ou seja, os norte-americanos tinham sido escolhidos por Deus para ocupar a área entre os oceanos Atlântico e Pacifico ___ o que era muito conveniente para aquela situação.
       No decorrer da expansão houve conflitos sangrentos entre os conquistadores brancos e os indígenas que habitavam a região. Na medida de suas possibilidades, os índios lutaram pela defesa de seu território, sua cultura e sua liberdade. Mas foram derrotados, sobretudo devido à superioridade das armas dos brancos e às epidemias que eles trouxeram. A maior parte dos povos indígenas foi exterminada.
                    Além da ocupação de terras indígenas, a expansão territorial dos Estados Unidos realizou-se através de compras de territórios na América pertencentes a países europeus (França, Espanha) e, sobretudo, da guerra contra o México. Da guerra resultou a anexação do Texas, da Califórnia, de Nevada, do Arizona, de Utah e do Novo México, num total de milhões de metros quadrados, metade do território mexicano na época.
                    A expansão territorial foi acompanhada do surgimento de uma rica burguesia industrial e da formação de uma classe operária forte e bem organizada no Nordeste dos Estados Unidos. Já no Sul e no Sudeste, a elite rural ampliou seu poder e expandiu a escravidão.


Norte
Sul
Grupo dirigente
Industriais
Latifundiários
Principal setor produtivo
Indústrias.
Agricultura exportadora (destaque para o algodão).
Sistema de trabalho
Trabalho assalariado. Eram favoráveis à abolição da escravidão
Trabalho escravo. Defendiam a permanência da escravidão.
Política econômica
Os industriais defendiam tarifas protecionistas para limitar as importações de manufaturados. Queriam se proteger da concorrência européia e garantir a venda de seus artigos no mercado interno.
[Os latifundiários eram contra as tarifas protecionistas].Queriam vender seus produtos agrícolas no exterior e importar todos os manufaturados de que necessitassem.

                   Por volta de 1860, os grandes industriais norte-americanos estavam cocientes do grande potencial econômico dos Estados Unidos e dispostos a explorar e expandir esse potencial.
Para isso, eles sabiam que precisavam superar a falta de sintonia política e integração econômica com os estados do Sul.
       As diferenças de interesses entre os grupos dominantes do Norte e do Sul provocaram a explosão de um violento conflito: a Guerra de Secessão (1861-1865).
Em fevereiro de 1861, sete estados do Sul decidiram separar-se da União. Fundaram então os Estados Confederados da América, presididos por Jefferson Davis. Os Estados Unidos se desuniam.  Mas o presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, representando a Federação, queria manter a União. A guerra tornou-se inevitável.
No princípio da guerra, os exércitos do estados do Sul obtiveram vitórias. Mas, ao longo do conflito, as forças do Norte foram impondo sua superioridade militar.

      

Norte
Sul
Habitantes
20 milhões aproximadamente.
10 milhões, aproximadamente (3,5 milhões eram escravos).
Armamentos
Poderoso parque industrial capaz de produzir milhões de armas.
Raras fábricas de armamentos pesados.

Em 1863, o presidente Lincoln proclamou a abolição da escravidão, estimulando os ex-escravos a lutarem contra os exércitos do Sul. Nesse ano ocorreu também a decisiva Batalha de Gettysburg, com a derrota das tropas confederadas.
A guerra só terminou em 1865, com a rendição completa do exército sulista. No mesmo ano, Lincoln foi assassinado num teatro de Washington pelo sulista John Booth. A guerra civil deixou um saldo de 600 mil mortos e prejuízos de aproximadamente 8 bilhões de dólares.Os ressentimentos entre habitantes do Norte e os do Sul permaneceram por longo tempo. Os sulistas continuaram resistindo à abolição da escravidão. Os mais radicais fundaram associações, como a Ku Klu Klan, que matou e torturou inúmeros negros e continua agindo até os nossos dias.
Terminada a guerra de Secessão, então os dirigentes dos Estados Unidos empenharam-se na luta pela reconstrução do país.A concorrência internacional no mercado do algodão diminuiu a importância dos estados do Sul, cuja base econômica era exportação algodoeira.Já nos estados do Norte, acelerou-se o ritmo de desenvolvimento industrial. Leis protecionistas foram aprovadas em beneficio da indústria.
Os Estados Unidos tornaram-se uma das maiores potências industriais do mundo, e seu governo iniciou uma série de intervençõe sem outros países. Era o imperialismo americano dominando países da América Latina, ao mesmo tempo em que procura isolar-se das questões européias.
O imperialismo exercido pelos norte-americanos concentrou-se na América Latina, tendo como base, provavelmente, a doutrina lançada em 1823 pelo presidente James Monroe. A Doutrina Monroe (“a América para os americanos”) era uma advertência aos governos europeus para que não interferissem nos assuntos do continente americano. Já se podia perceber, no governo e nos grupos da elite dos Estados Unidos, o desejo de estender seu domínio à América Latina.
Em 1898, o governo dos Estados Unidos declarou guerra contra a Espanha, sob o pretexto de libertar Cuba e Porto Rico do domínio colonial. Os espanhóis foram derrotados, e esses países foram declarados independentes.
A independência, porém pode ser considerada relativa. Pouco tempo depois, Porto Rico foi transformado em protetorado dos Estados Unidos. Os cubanos, por sua vez forma obrigados a incluir em sua Constituição (a Emenda Platt), pela aceitavam a intervenção militar americana em seu país sempre que o governo dos Estados Unidos Julgasse necessário.
A política externa intervencionista norte-americana tornou-se mais explicita no governo de Theodore Roosevelt (1901-1909). Ele lançou a doutrina que seus opositores apelidaram de Big Stick (‘grande porrete “) Essa doutrina estabelecia o direito de o governo americano intervir militarmente nos países da América Latina sempre que os interesses americanos estivessem em jogo

Karnal, Leandro; Fernandes, Luiz Estevam; Morais, Marcus Vinicius de; Purdy, Sean. História dos Estados Unidos: das Origens ao Século XXI. São Paulo, Editora Contexto, 2007
Contrim  Gilberto. Historia Global

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.